Há 37 cursos sem desemprego entre os recém-diplomados

As expetativas de empregabilidade futura é um critério a ter em conta pelos estudantes no momento de escolherem a área de formação ou o curso do ensino superior que pretendem frequentar. Uma maior empregabilidade no curto a médio prazo é um bom indicador para que a transição para o mercado laboral dos estudantes – geralmente mais jovens e menos experientes – ocorra da melhor forma.

Um indicador que permite aferir a facilidade ou dificuldade à entrada no mercado de trabalho é o desemprego dos recém-diplomados do ensino superior. Em 2021, foram vários os cursos do ensino superior sem desemprego entre os seus recém-diplomados.

Esta análise tem como base os diplomados de licenciaturas e mestrados integrados nos últimos quatro anos letivos (2016/2017 a 2019/2020) inscritos como desempregados junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

QUANTOS CURSOS NÃO REGISTARAM RECÉM-DIPLOMADOS DESEMPREGADOS EM 2021?

De acordo com os dados do IEFP, 37 cursos – 33 licenciaturas e 4 mestrados integrados – não registaram qualquer recém-diplomado em situação de desemprego no ano de 2021.

11 destes cursos (mais de 29%) são da área de ‘Saúde’, com destaque para a Licenciatura em Enfermagem com 6 cursos de diferentes instituições de ensino superior e também o Mestrado Integrado em Medicina com 2 cursos sem qualquer recém-diplomado desempregado.

Para além da área da ‘Saúde’, existem outras áreas de formação com três ou mais cursos, nomeadamente:

_’Engenharia e técnicas afins’: 8 cursos

_’Arquitetura e construção’: 3 cursos

_’Artes’: 3 cursos

_’Ciências empresariais’: 3 cursos

A DIFERENÇA ENTRE O ENSINO PÚBLICO E PRIVADO?

A diferença entre ensino público e privada foi significativa: 26 dos 37 cursos (70%) que não registaram, em 2021, qualquer recém-diplomado como desempregado são do ensino público sendo os restantes 11 cursos do ensino privado. No ano anterior esta diferença não foi tão acentuada, com 53% dos cursos a serem do ensino público.

Comparando o ensino universitário com o politécnico as diferenças foram menos significativas, com 21 dos 37 cursos (57%) que não registaram, em 2021, qualquer recém-diplomado em situação de desemprego a serem do ensino politécnico e os restantes 16 cursos do ensino universitário. Esta discrepância deveu-se, em grande medida, às 6 Licenciaturas em Enfermagem do ensino politécnico.

ONDE SE ENCONTRAM OS CURSOS SEM RECÉM-DIPLOMADOS DESEMPREGADOS?

De acordo com os dados sobre recém-diplomados inscritos no IEFP, apenas disponíveis para Portugal continental, cerca de metade dos cursos – 19 dos 37 cursos (51%) – sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego encontram-se em instituições cuja unidade orgânica que se localiza na Área Metropolitana de Lisboa. Destacam-se, no ensino público, a Universidade de Lisboa e o Instituto Politécnico de Lisboa.

O número de cursos foi mais reduzido nas restantes regiões de Portugal continental:

_Norte: 7 cursos

_Centro: 7 cursos

_Alentejo: 3 cursos

_Algarve: 1 curso

Cursos sem qualquer recém-diplomado inscritos como desempregado no IEFP (2021)

FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.1

EXISTEM DIFERENÇAS FACE A 2020? A CRISE PANDÉMICA CONTINUOU A TER ALGUM EFEITO?

Em 2020, foram 32 as licenciaturas ou os mestrados integrados sem recém-diplomados desempregados. Ou seja, em 2021, houve um aumento do número de cursos de aproximadamente 16%: de 32 para 37 cursos.

Apesar do aumento, o número de cursos sem nenhum aluno recém-diplomado inscrito no IEFP como desempregado foi ainda bastante inferior aos 66 cursos de 2019: redução de 44%. Ou seja, em 2021 ainda não se recuperou para os níveis pré-pandemia.

Não obstante, o aumento do número de cursos sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego acompanhou a diminuição do desemprego entre os recém-diplomados de 5% em 2020 para 4% em 2021 (DGEEC).

EXISTEM DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS EM 2020 E 2021 A NÍVEL DAS ÁREAS DE FORMAÇÃO?

Apesar do maior número de cursos em 2021, o número de áreas de formação com pelo menos um curso sem qualquer recém-diplomado desempregado reduziu de 12 em 2020 para 11 em 2021.

Além das 11 áreas de formação sem desemprego em 2021, em 2020, isso também aconteceu noutras 3 áreas:

_ ‘Ciências empresariais’: 2 cursos em 2020

_ ‘Humanidades’: 1 curso em 2020

_ ‘Indústrias transformadoras’: 1 curso em 2020

No sentido oposto, encontra-se as áreas de ‘Informática’ e ‘Ciências da vida’, não representadas em 2020, com 2 cursos em 2021.

Para as 9 áreas de formação comuns a ambos os períodos verificou-se, para o ano de 2021, um aumento generalizado no número de cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito no IEFP em situação de desemprego. Destacam-se as seguintes com um crescimento em pelo menos um curso entre 2020 e 2021:

_ ‘Engenharia e técnicas afins’: 5 cursos em 2020 para 8 cursos em 2021

_ ‘Arquitetura e construção’ e ‘Artes’: 2 cursos em 2020 para 3 cursos em 2021

_’Ciências físicas’, ‘Ciências sociais e do comportamento’ e ‘Formação professores e ciências da educação’: 1 curso em 2020 para 2 cursos em 2021

A única exceção foi a área da ‘Saúde’ com uma redução de 14 para 11 cursos em 2021, contrariando a tendência de crescimento em termos agregados. Não obstante, a ’Saúde’ manteve-se como a área com o maior número de cursos sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego.

Número de cursos que, de acordo com o IEFP, não registaram qualquer recém-diplomado como desempregado por área de formação (2020 e 2021)

FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.2

O QUE NOS DIZ E NÃO NOS DIZ ESTE INDICADOR?

Este indicador da taxa de desemprego dos recém-diplomados é baseado nos desempregados registados no IEFP, e, portanto, pode também ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da probabilidade de encontrarem emprego por esta via.

Além disso, este indicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantes recém-diplomados que se encontrem a trabalhar. Por outras palavras, os recém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação como inclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.

1CONSIDERAM-SE APENAS OS RECÉM-DIPLOMADOS DE CURSOS DE LICENCIATURA E MESTRADO INTEGRADO DE PORTUGAL CONTINENTAL COM PELO MENOS 30 DIPLOMADOS.
2CONSIDERAM-SE APENAS OS RECÉM-DIPLOMADOS DE CURSOS DE LICENCIATURA E MESTRADO INTEGRADO EM PORTUGAL CONTINENTAL COM PELO MENOS 30 DIPLOMADOS. NEM TODAS AS ÁREAS DE FORMAÇÃO ESTÃO REPRESENTADAS NO VISUAL.

Este insight tem por base dados de 2021. Existe um insight com dados mais antigos. Clica aqui e compara a informação.

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