Apenas 10% dos portugueses adultos fizeram algum tipo de formação no último ano

Como aprender ao longo da vida? Hoje, perante um mundo em rápida mudança e em que o conhecimento mais avançado fica obsoleto a um rácio de 30%/ano, alteraram-se profundamente as competências necessárias para uma vida longa, próspera e saudável. A abertura ao conhecimento e educarmo-nos permanentemente e aprendermos ao longo da vida são, por isso, determinantes para enfrentarmos os novos desafios sociais, profissionais e pessoais, e a única forma de acompanharmos essa evolução.

Falta de tempo, Custos financeiros e Razões familiares. São estes os principais obstáculos apontados pelos portugueses para participarem em educação e formação ao longo da vida. Portugal é apontado pela OCDE como um dos países com pior enquadramento financeiro para a educação e aprendizagem ao longo da vida, e como o país onde é mais urgente apostar na formação dos seus adultos. Para o comprovar, dados do INE revelam que em 2020 apenas 10% dos portugueses entre os 25 e os 64 anos frequentaram programas de formação nas quatro semanas anteriores ao inquérito. Em 2016, um inquérito do Eurostat dedicado a este tema relatava esta situação preocupante, tendo 32,9% dos portugueses adultos admitido que não frequentou nem pretende frequentar educação e formação, praticamente 1 em cada 3 portugueses. Já 26,5% frequentaram e gostariam de frequentar mais, 19,6% frequentou gostaria de frequentar.

Este é o cenário apresentado no “Guia para adultos: como e não gostaria de frequentar mais, e 21,1% não frequentou e aprender ao longo da vida?” da Fundação José Neves, que revela que os benefícios da educação e da aprendizagem ao longo da vida podem repercutir-se ao nível individual e social, e também em diferentes âmbitos da vida, nomeadamente na empregabilidade, remunerações, família e bem-estar.

O Guia pretende ajudar os portugueses adultos a entenderem a importância da formação, a tomarem as decisões certas e a passarem à ação. Em breve será lançado um novo Guia sobre o papel das empresas neste domínio.

“Vivemos um tempo de profundas e aceleradas mudanças sociais, tecnológicas e profissionais. As alterações profissionais e no mercado de trabalho trazem novos desafios, mas também oportunidades. Muitas profissões que conhecemos hoje vão desaparecer e novas especializações vão surgir e ter cada vez mais procura, nomeadamente na área digital. A aprendizagem ao longo da vida é o único caminho para acompanhar esta revolução”, destaca Carlos Oliveira, Presidente Executivo da Fundação José Neves.

São várias as motivações para continuar a aprender e para frequentar um curso ou ação de formação, entre elas a forte expetativa de desenvolvimento da carreira, associada aos seguintes objetivos: melhorar a performance e satisfação profissional, progredir na carreira (o que pode requerer o desenvolvimento de novas competências), transitar para outra profissão e colmatar o gap de competências, mudar completamente de carreira ou área profissional (o que pode requerer uma nova formação de base), tornar-se um profissional único através do domínio de competências abrangentes e muito distintas. Mas também a valorização da família em todos os seus quadrantes, o aumento da autoestima e da autoconfiança, e ainda a busca pelo bem-estar pessoal e social.

Apesar de os efeitos variarem em função do tipo, área e qualidade da formação, é seguro afirmar que a educação e a formação ao longo da vida têm um efeito positivo na empregabilidade. Estudos de vários países europeus revelam que as ações de formação pós-secundárias profissionalizantes reduzem a probabilidade de desemprego e aumentam a probabilidade de os desempregados encontrarem emprego.

E de acordo com a OCDE, Portugal é um dos países onde os adultos mais reportam a utilidade das ações de formação para o seu desenvolvimento profissional, apenas superado no contexto europeu pela Hungria. Isto indica que há recetividade e uma perceção positiva dos portugueses sobre o impacto da educação e formação nas suas vidas profissionais.

O Guia deixa um conjunto de recomendações para que os portugueses adultos aprendam ao longo da vida: continuar a estudar seja em que idade for; não se iludirem e pensar que estudar não é para todos; procurar orientação; ser ambicioso; ponderar mudar de área; pensar no próprio bem-estar; dialogar com a entidade empregadora; não se prenderem aos obstáculos e olhar para as soluções.

O documento destaca ainda o portal ISA FJN da Fundação José Neves como um importante instrumento de pesquisa e análise para explorar e comparar informação relativa à empregabilidade, e as bolsas reembolsáveis ISA FJN como uma ferramenta que garante o pagamento integral da propina aos portugueses que pretendem apostar na sua educação. E disponibiliza ainda uma listagem com as principais opções para realizar ações de educação ou formação em Portugal.

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