Pandemia, crise e pontes de bem-estar

O conceito de bem-estar tem evoluído, para se focar na felicidade. A “felicidade interna bruta” (FIB), uma ideia com origem no Butão nos anos 70, tornou-se um novo indicador de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), como extensão do produto interno bruto (PIB).

Um estado de bem-estar global está intimamente ligado à saúde mental

Se, por um lado, o bem-estar mental determina o desenvolvimento pessoal, por outro lado o desenvolvimento harmonioso é vital para a promoção da saúde e prevenção da doença.

O secretário-geral da ONU sugere que a reconstrução pós-pandémica deve mudar de “cinzento para verde” e um relatório estima que 60% da população mundial vai viver nas cidades e 60% dos habitantes das cidades serão crianças.  

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta, numa das seis prescrições para recuperação da saúde após a pandemia, a construção de cidades saudáveis. Um estudo na Grécia, relativo à crise de 2008, cita um jovem a afirmar: “se perdemos uma parte da nossa juventude”, “um aspeto positivo é que nos tornámos maduros mais cedo” e “por vezes uma crise é necessária para mudar coisas”. A pandemia e a crise económica e social são janelas de oportunidades para os decisores compreenderem a necessidade de redesenharem a escola e o trabalho.

Cerca de metade de todas as doenças mentais emerge antes dos 14 anos e 75% até aos 25.

É importante apostar no desenvolvimento cognitivo de crianças e jovens, isto é, nos processos mentais da atenção, memória, linguagem, perceção, pensamento, criatividade e resolução de problemas; no desenvolvimento emocional; no desenvolvimento moral dos princípios, valores e liberdades cívicas, e no autoconhecimento. Há que investir em educação, formação, investigação, desenvolvimento e capital social. Temos de atuar preventivamente e identificar os círculos viciosos e pilotos automáticos em que diariamente nos envolvemos (p. ex., trabalho-stress).

A informação escassa ou inadequada sobre saúde e doença pode levar a que as pessoas em sofrimento psicológico, duradouro e intenso, não procurem ajuda mais cedo. As pessoas estão a sofrer na pele as consequências que a pandemia tem na saúde mental. “Descobriram” o quanto necessário é ter uma boa saúde mental e física, e que ter saúde tem um impacto significativo nas suas vidas e no seu bem-estar global.

Por isso a literacia em saúde, o conhecimento adequado, são essenciais e merecem investimento. No fundo, todas as crises são oportunidades que não se podem perder.

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