As médias de entrada no ensino superior aumentaram em 2020
A crise da Covid-19 afetou fortemente o setor da educação, que teve de se adaptar às restrições impostas pela pandemia. Uma das medidas adotadas foi permitir aos alunos realizarem exames nacionais apenas nas disciplinas que servem como provas de ingresso ao ensino superior.
Em 2020, esta medida excecional resultou no aumento da média das notas dos exames do 12º ano face a 2019.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, este aumento verificou-se em quase todas as disciplinas – à exceção de Geometria Descritiva A e Matemática Aplicada às Ciências Sociais – e chegou a ser superior a 3 valores em algumas disciplinas.
As melhores condições para os alunos se apresentarem a concurso em 2020 levou a um aumento de 22% no número de candidatos à 1ª fase do concurso nacional de acesso face a 2019.
O resultado foi o aumento generalizado das médias de entrada no ensino superior. Neste insight analisam-se estas médias de entrada (as notas de candidatura dos últimos colocados pelo contingente geral da 1ª fase do Concurso Nacional de Acesso em 2020) e a sua comparação com 2019. Consideram-se os cursos de licenciatura e mestrado integrado do ensino superior público ativos em ambos os anos letivos.
AS MÉDIAS DE ENTRADA AUMENTARAM EM TODAS AS ÁREAS DE FORMAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR
Em termos agregados, registou-se em 2020 um aumento de 0,7 valores nas médias de entrada. O aumento de 2019 para 2020 foi transversal a todas as áreas de formação, mas mais pronunciado na área da ‘Saúde’, com uma variação superior a 1,5 valores, e nas áreas de ‘Arquitetura e construção’, ‘Serviços de transporte’ e ‘Ciências da vida’, com um aumento superior a 1 valor.
Por oposição, a média das notas dos últimos colocados em cursos da área de ‘Agricultura, silvicultura e pesca’ permaneceu praticamente igual nos dois anos (+ 0,04 valores).
Média das notas de candidatura dos últimos colocados no Concurso Nacional de Acesso de 2020, por área de formação
FONTES: DGES, FJN/BRIGHTER FUTURE1
Estes aumentos não alteraram as áreas de formação com as menores médias de entrada. Em 2020, estas continuaram a ser ‘Agricultura, silvicultura e pesca’, ‘Serviços sociais’, ‘Formação de professores e ciências da educação’, ‘Serviços de segurança’ e ‘Proteção do ambiente’.
Já nas áreas com maiores médias de entrada, houve uma troca: em 2020, a área da ‘Saúde’ substituiu ‘Informação e Jornalismo’ nesta lista. Assim, em 2020, estas foram as áreas com maiores médias de entrada:
- Ciências sociais e do comportamento _ 147,4
- Matemática e Estatística _ 147,3
- Saúde _ 147,3
- Direito _ 146,5
- Ciências veterinárias _ 144,5
Naturalmente, estas médias de entrada por área de formação escondem grandes diferenças nas áreas de formação mais detalhadas e nos cursos que as constituem.
QUAIS FORAM OS CURSOS COM AS MAIORES MÉDIAS DE ENTRADA EM 2020?
Todos os cursos com as médias de entrada mais elevadas em 2020 são das áreas CTEM (Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemáticas) e ‘Saúde’: quatro na área de formação das ‘Engenharias e afins’, outros quatro na área da ‘Saúde’, dois na área da ‘Matemática e estatística’ e, por último, um na área das ‘Ciências físicas’.
Cursos com as médias de entrada mais elevadas em 2020
FONTE: DGES, FJN/BRIGHTER FUTURE2
As notas de candidatura do último colocado aumentaram em todos estes cursos. O top dos pares com as médias de entrada mais elevadas são os mesmos em 2020 e 2019, embora ordenados, em alguns casos, de forma diferente.
Ao contrário de 2019, no último ano houve cursos com médias de entrada acima dos 19 valores – três na área de formação ‘Engenharia e técnicas afins’ e um na área de ‘Ciências físicas’.
QUAIS FORAM OS CURSOS COM AS MÉDIAS DE ENTRADA MAIS BAIXAS EM 2020?
Todas os cursos com as médias de entrada mais baixas são do ensino politécnico e localizam-se no interior de Portugal. À exceção de um destes cursos, as notas de candidatura do último colocado pelo contingente geral da 1º fase desceram em 2020 face a 2019. Esta redução é mais acentuada (superior a dois valores) no curso de ‘Design de Ambientes’ do ‘Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Tecnologia e Gestão’ e no curso de ‘Enfermagem Veterinária’ do ‘Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior Agrária de Elvas’.
Cursos com as médias de entrada mais baixas em 2020
FONTE: DGES, FJN/BRIGHTER FUTURE3
Quando comparada a lista dos cursos com as médias de entrada mais elevadas e mais baixas em 2020, sobressaem várias diferenças:
- Primeiro, enquanto as médias de entrada mais elevadas se verificam em cursos do ensino universitário localizados em grandes centros urbanos, as médias mais baixas registam-se em cursos do ensino politécnico localizados em regiões do interior.
- Segundo, não há sobreposição entre as áreas de formação dos cursos destas duas listas. Dos dez cursos com médias de entrada mais baixas, três são de ‘Artes’, dois de ‘Serviços sociais’ e de ‘Ciências empresariais’ e apenas um curso das áreas de ‘Serviços pessoais’, ‘Direito’ e ‘Ciências veterinárias’.
- Terceiro, enquanto os cursos com médias de entrada mais elevadas são os mesmos em 2020 e 2019, existe apenas um curso – ‘Educação Social’ no ‘Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Educação de Bragança’ – que se encontra simultaneamente entre os dez cursos com as médias mais baixas nos dois anos. Assim, há maior variabilidade nos cursos com médias de entrada mais baixas.
Em média, a associação entre as médias de entrada e o número de vagas dos cursos é positiva. O gráfico seguinte ilustra esta correlação positiva (0,42), bem como uma maior concentração das médias de entrada mais elevadas no ensino universitário.
Número de vagas e médias de entrada por curso e subsistema de ensino, em 2020
FONTE: DGES, FJN/BRIGHTER FUTURE4
AS MÉDIAS DE ENTRADA E VAGAS DE TODOS OS CURSOS EM 2020
A tabela seguinte apresenta as médias de entrada e as vagas de 2020 para todos as licenciaturas e mestrados integrados do ensino superior público com essa informação disponível e com pelo menos um aluno colocado no concurso nacional de acesso de 2020.
Podes filtrar a lista apresentada através da pesquisa. Por exemplo, podes pesquisar por um termo específico (ex: Design), uma instituição de ensino (ex: Nova) ou uma localidade (ex: Bragança).
FONTE: DGES, FJN/BRIGHTER FUTURE
No Brighter Future, podes ainda pesquisar diretamente os cursos que te interessam e encontrar para cada um deles algumas informações: provas de ingresso, estatísticas sobre número de inscritos e diplomados, desemprego dos recém-diplomados, entre outras.
1AS ÁREAS DE FORMAÇÃO SEGUEM A CLASSIFICAÇÃO NACIONAL DAS ÁREAS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO (CNAEF-2005) E SÃO APRESENTADAS A 2 DÍGITOS. SÃO APRESENTADAS AS MÉDIAS DAS NOTAS DOS ÚLTIMOS COLOCADOS PELO CONTINGENTE GERAL DA 1ª FASE DO CONCURSO NACIONAL DE ACESSO EM TODOS OS CURSOS DE CADA ÁREA DE FORMAÇÃO.
2SÃO APRESENTADOS OS 11 CURSOS COM MAIOR NOTA DE CANDIDATURA DO ÚLTIMO COLOCADO PELO CONTINGENTE GERAL DA 1ª FASE DO CONCURSO NACIONAL DE ACESSO EM 2020. É TAMBÉM APRESENTADA A NOTA DO MESMO CURSO EM 2019.
3SÃO APRESENTADOS OS 10 CURSOS COM MENOR NOTA DE CANDIDATURA DO ÚLTIMO COLOCADO PELO CONTINGENTE GERAL DA 1ª FASE DO CONCURSO NACIONAL DE ACESSO EM 2020. É TAMBÉM APRESENTADA A NOTA DO MESMO CURSO EM 2019.
4SÃO APRESENTADAS O NÚMERO DE VAGAS E NOTA DE CANDIDATURA DO ÚLTIMO COLOCADO PELO CONTINGENTE GERAL DA 1ª FASE DO CONCURSO NACIONAL DE ACESSO EM 2020 DAS LICENCIATURAS E MESTRADO INTEGRADO DO ENSINO PÚBLICO.
