Dos dados à informação: pode o Big Data transformar a Educação?

O Big Data consiste na recolha, armazenamento e análise de um grande volume de dados. Já conquistou organizações em todo o mundo como ferramenta para obter e analisar informações relevantes sobre as suas estratégias.

No âmbito da educação, esta ferramenta tem demonstrado que pode ser benéfica não só para educadores, professores e instituições de ensino, como para os estudantes. Mas de que forma pode transformar o ensino como o vemos hoje? E como dar resposta às preocupações éticas dos alunos, relativas à utilização futura dos seus dados?

O Big Data personaliza a oferta de ensino

No ensino tradicional, o aluno depara-se com módulos e timings de estudo pré-definidos. Numa instituição de ensino onde se utilize a informação gerada pelo Big Data, é possível personalizar módulos e metodologias mais adequadas.

No livro “Learning with Big Data - The Future of Education”, os autores dão o exemplo do Big Data aplicado aos cursos online, onde o professor é capaz de perceber quando os alunos se sentem perdidos na matéria analisando, por exemplo, os padrões de movimento dos alunos, que quanto mais avançam na matéria, mais regressam a módulos anteriores para se orientarem.

Assim, o professor é capaz de identificar as matérias onde os alunos têm mais dificuldade e melhor o seu planeamento curricular de acordo. Este tipo de decisões exige a análise de uma grande quantidade de dados.

Quais são os dados analisados pelo Big Data?

A quantidade e variedade dos dados são características essenciais do Big Data. Quando aplicado a uma plataforma informática de ensino, o Big Data analisa dados tais como:

  1. Quanto tempo os alunos demoram a responder a uma questão;
  2. Quantas vezes os alunos voltam a um determinado material de estudo;
  3. Locais e métodos de estudos que estão a ser mais eficazes (ex: gamificação ou estudos de grupo na biblioteca);
  4. O tipo de rotina que melhora a performance dos alunos (ex: se faz desporto e quantas vezes faz);
  5. Os comportamentos mais comuns dos alunos que desistem ou dos que têm mais sucesso;
  6. A relação entre assiduidade e resultados.

As políticas de ensino e o Big Data

Os dados recolhidos pelo Big Data permitem gerar relatórios sobre aquilo que um aluno sabe ou não. Sobre aquilo que ele quer e até sobre a forma como ele estuda. Isto ajuda a prever o seu comportamento e a aprimorar a oferta curricular.

A discussão de políticas de ensino tem de ser feita encarando dados como estes e os seus relatórios gerados. É esta a grande vantagem do Big Data: ajuda a delinear uma estratégia de ensino com base em decisões bem fundamentadas.

A utilização dos dados privados dos alunos levanta questões de privacidade: como salvaguardar os alunos contra a utilização destas informações por entidades externas – empregadores ou recrutadores, por exemplo? Como evitar a manipulação destes dados para segregar ou disciminar candidatos a um emprego?  As fugas massivas de dados recentes estão presentes na memória coletiva e obrigam as instituições de ensino a definir políticas éticas e de privacidade claras, antes da adoção generalizada do big data.

As escolas do futuro podem ver no Big Data uma oportunidade para melhorar a educação em Portugal e no mundo em geral. Esta ferramenta suporta os esforços de educadores, professores e instituições de ensino a mapear a progressão dos estudantes em direção a um percurso académico e profissional de sucesso.

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