A entrada de recém-diplomados no mercado de trabalho

O risco de desemprego e o salário dos recém-diplomados são indicadores estatísticos relevantes a ter em conta para aferir de diferentes perspetivas o sucesso na sua entrada no mercado de trabalho.

Em ambos os indicadores verificam-se hiatos substanciais entre as diferentes áreas de formação do ensino superior.
Esta análise baseia-se nos recém-diplomados de licenciatura e nos jovens trabalhadores licenciados.

QUAL O RISCO DE DESEMPREGO DOS RECÉM-DIPLOMADOS?

A taxa de desemprego dos recém-diplomados baseia-se nos diplomados dos últimos quatro anos letivos que se registam como desempregados junto do Instituto de Desemprego e Formação Profissional (IEFP).

Em 2019, as áreas de formação em que esta taxa era superior eram Serviços sociais, Informação e Jornalismo e Ciências veterinárias. Por outro lado, estas são as áreas que apresentam menor taxa de desemprego:

_Matemática e estatística
_Ciências da vida
_Saúde
_Engenharia e técnicas afins
_Informática

(Nota: não se mencionam as áreas de Serviços de segurança e Serviços de transporte pois são constituídas por muito poucos cursos do ensino superior, tornando-as pouco comparáveis com as restantes).

Propensão ao desemprego de recém-diplomados por área de formação

FONTE: FJN/BRIGHTER FUTURE, IEFP, DGEEC

O desemprego de recém-diplomados do ensino superior é um indicador que contribui para se aferir a facilidade ou dificuldade da sua entrada no mercado de trabalho.

No entanto, é baseado nos desempregados registados no IEFP, e portanto pode ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da expectativa de encontrarem emprego por esta via.

Além disso, este indicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantes recém-diplomados que se encontrem a trabalhar.

Por outras palavras, os recém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação como inclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.

QUANTO GANHAM OS JOVENS LICENCIADOS?

Outro indicador relevante na escolha de uma área de formação do ensino superior é o salário que se pode esperar à entrada no mercado de trabalho.

Para isso, considera-se o salário dos trabalhadores com menos de 25 anos que já haviam completado uma licenciatura, aumentando a probabilidade de capturar os recém-diplomados deste nível de ensino. Para este conjunto de trabalhadores, o salário médio em 2018 era de 1002€, verificando-se diferenças substanciais dependendo da área de formação do ensino superior que completaram.

A área de formação cujos trabalhadores ganhavam mais era Matemática e estatística, com um salário médio de 1251€ brutos; seguida de Saúde, Informática, Engenharia e técnicas afins e Serviços de transporte.

Por outro lado, os jovens licenciados que se formaram em Ciências veterinárias, Serviços sociais, Serviços de segurança e Arquitetura e construção recebiam os salários médios mais baixos, não atingido os 850€.

Salário médio dos trabalhadores licenciados

FONTE: FJN/BRIGHTER FUTURE, QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS, INE)1

As áreas de formação que se destacam pela positiva

Considerando os dois indicadores acima apresentados, no conjunto das áreas de formação do ensino superior consideradas no Brighter Future, as seguintes destacam-se por estarem entre as que têm uma menor taxa de desemprego entre os recém-diplomados e as que apresentam um salário médio mais elevado entre os trabalhadores licenciados dos 15 aos 24 anos:

FONTE: FJN/BRIGHTER FUTURE, DGEEC, QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS, INE)1

Destacam-se assim algumas áreas científico-tecnológicas (CTEM – Ciências, Tecnologia, Engenharias e Matemática) e a área da Saúde.

1Nota: Inclui apenas trabalhadores licenciados dos 15 aos 24 anos a trabalhar em empresas do setor privado e do setor empresarial do estado, excluindo portanto a administração pública.
Partilha este artigo_