A educação ao longo da vida, entre os adultos portugueses, tem vindo a aumentar

A população portuguesa apresenta um défice significativo de qualificações, particularmente nos indivíduos da faixa etária entre os 35 e os 64 anos. De acordo com os dados do Eurostat, Portugal é, simultaneamente, um dos países europeus com baixa proporção de adultos (35-64 anos) com ensino secundário completo e com as diferenças inter-geracionais mais acentuadas em termos de qualificações.    

A aprendizagem ao longo da vida e a participação da população adulta em programas de formação, têm um papel preponderante, dadas as alterações no mercado de trabalho e os progressos tecnológicos verificados nas últimas décadas. Entre elas, a transformação digital e a automação dos processos, provocaram alterações qualitativas no que diz respeito ao perfil da procura de competências.   

A aprendizagem ao longo da vida refere-se a todas as atividades de aprendizagem intencional ou não, desenvolvidas ao longo da vida, em contextos formais, não-formais ou informais, com o objetivo de adquirir, desenvolver ou melhorar conhecimentos, aptidões e competências, numa perspetiva pessoal, cívica, social e/ou profissional.

Em 2022, houve mais adultos a participar em ações de educação e de formação

Em 2022, 13,8% dos adultos portugueses (dos 25 aos 64 anos) reportou ter participado em programas de educação ou formação nas semanas anteriores ao inquérito. Este valor dá continuidade à inversão da queda verificada em 2020, ano do início da pandemia da Covid-19, e é o mais elevado da última década. Entre 2011 e 2022, este indicador aumentou cerca de 2,3 pontos percentuais.  

Esta evolução entre 2011 e 2022, foi impulsionada, sobretudo, pelos homens, que registaram um aumento de 2,4 pontos percentuais (de 10,8%, em 2011, para 13,2%, em 2022), acima dos 2,1 pontos percentuais das mulheres (de 12,1%, em 2011, para 14,2%, em 2022). Não obstante, a participação das mulheres em programas de educação ou formação foi, em todos os anos analisados, sempre superior à dos homens. Em 2022, a diferença neste indicador foi de 1 ponto percentual, a favor das mulheres.  

Adultos que participaram em programas de educação ou formação, por sexo 

Fonte: EUROSTAT / ADULTOS DOS 25 AOS 64 ANOS. OS VALORES DIZEM RESPEITO ÀS ÚLTIMAS 4 SEMANAS ANTES DO INQUÉRITO

A participação em Portugal foi superior à da média europeia

Os dados mais recentes que permitem uma comparação internacional reportam a 2021. Apesar de, neste ano, a participação dos adultos portugueses em programas de educação ou formação ainda estar abaixo do objetivo traçado pela União Europeia, para 2020 (pelo menos, 15% dos adultos a participarem em ações de educação ou formação) os valores de Portugal (12,9%) foram superiores aos da média europeia (10,8%, em 2021), em cerca de 2,1 pontos percentuais.  

Não obstante, Portugal ainda se encontra bastante longe dos países que estão na vanguarda, neste indicador, nomeadamente a Suécia e a Finlândia, que apresentaram taxas de participação superiores a 30%, em 2021.

Adultos que participaram em programas de educação ou formação por país, em 2021 

Fonte: EUROSTAT / ADULTOS DOS 25 AOS 64 ANOS. OS VALORES DIZEM RESPEITO ÀS ÚLTIMAS 4 SEMANAS ANTES DO INQUÉRITO

Os mais escolarizados apresentam taxas

Um padrão comum à maioria dos países europeus é o facto de a taxa de participação ser superior entre os adultos com mais escolaridade, ou seja, entre a população com o ensino superior. Em Portugal, entre os adultos com este nível de ensino, a taxa de participação na aprendizagem ao longo da vida foi de 25,1%, um valor superior ao da generalidade da população (em 12,2 pontos percentuais).  

Considerando apenas este grupo com qualificações superiores, a participação em Portugal também foi superior à da média europeia (18,6%). Este resultado mostra que os diplomados do ensino superior beneficiam, não só por possuírem um nível de educação mais elevado no início da sua carreira profissional, mas também pela sua maior participação em ações de formação ao longo da sua vida ativa. 

Entre os adultos menos escolarizados (apenas com o ensino básico), a participação em ações de educação e formação foi muito mais baixa (4,1%) e ligeiramente inferior à média europeia (4,3%).  

Adultos que participaram em programas de educação ou formação, por nível de escolaridade, em 2021

Fonte: EUROSTAT / ADULTOS DOS 25 AOS 64 ANOS. OS VALORES DIZEM RESPEITO ÀS ÚLTIMAS 4 SEMANAS ANTES DO INQUÉRITO

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