Há apenas 32 cursos sem desemprego entre os recém-diplomados (2020)

Este insight tem por base dados de 2020. Já existe um insight com dados mais atualizados. Clica aqui e compara a informação.

As expetativas de empregabilidade futura é um critério a ter em conta pelos estudantes no momento de escolherem a área de formação ou o curso do ensino superior que pretendem frequentar. Uma maior empregabilidade no curto a médio prazo é um bom indicador para que a transição para o mercado laboral dos estudantes – geralmente mais jovens e menos experientes – ocorra da melhor forma.

Um indicador que permite aferir a facilidade ou dificuldade à entrada no mercado de trabalho é o desemprego de recém-diplomados do ensino superior. Em 2020, foram vários os cursos do ensino superior sem desemprego entre os seus recém-diplomados.

Esta análise tem como base os diplomados de licenciaturas e mestrados integrados nos últimos quatro anos letivos (2016/2017 a 2019/2020) inscritos como desempregados junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

QUANTOS CURSOS NÃO REGISTARAM RECÉM-DIPLOMADOS DESEMPREGADOS EM 2020?

De acordo com os dados do IEFP, 32 cursos – 30 licenciaturas e 2 mestrados integrados – não registaram qualquer recém-diplomado em situação de desemprego no ano de 2020.

14 destes cursos (mais de 43%) são da área de ‘Saúde’, com destaque para a licenciatura em enfermagem com 10 cursos de diferentes instituições de ensino superior que não registaram, em 2020, qualquer recém-diplomado como desempregado.

Para além da área da Saúde, as áreas de formação com dois ou mais cursos que não registaram qualquer recém-diplomado desempregado foram as seguintes:

_Engenharia e técnicas afins: 5 cursos
_Arquitetura e construção: 2 cursos
_Artes: 2 cursos
_Ciências empresariais: 2 cursos

QUE DIFERENÇAS EXISTEM ENTRE ENSINO PÚBLICO E PRIVADO E ENTRE ENSINO POLITÉCNICO E UNIVERSITÁRIO?

A diferença entre ensino público e privada não é grande: 17 dos 32 cursos (53%) que não registaram, em 2020, qualquer recém-diplomado como desempregado são do ensino público sendo os restantes 15 cursos do ensino privado.

Comparando o ensino universitário com o politécnico as diferenças são mais acentuadas, com 21 dos 32 cursos (66%) que não registaram, em 2020, qualquer recém-diplomado em situação de desemprego a serem do ensino politécnico e os restantes 11 cursos do ensino universitário. Esta discrepância deve-se, em grande medida, às 10 licenciaturas em enfermagem do ensino politécnico que não registaram qualquer recém-diplomado como desempregado no ano de 2020.

ONDE SE ENCONTRAM OS CURSOS SEM RECÉM-DIPLOMADOS DESEMPREGADOS?

De acordo com os dados sobre recém-diplomados inscritos no IEFP, apenas disponíveis para Portugal continental, a maioria dos cursos – 18 dos 32 cursos (56%) – sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego encontram-se em instituições cuja unidade orgânica que se localiza na Área Metropolitana de Lisboa. Destacam-se, no ensino público, a Universidade de Lisboa e o Instituto Politécnico de Lisboa.

O número de cursos que não registaram qualquer recém-diplomado em situação de desemprego no ano de 2020 foi mais reduzido nas restantes regiões:

_Norte: 6 cursos
_Alentejo: 3 cursos
_Centro: 3 cursos
_Algarve: 2 cursos

Cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito como desempregado no IEFP (2020)

FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.1

EXISTEM DIFERENÇAS FACE A 2019? A CRISE PANDÉMICA TEVE ALGUM EFEITO?

Em 2019, foram 66 as licenciaturas ou os mestrados integrados sem recém-diplomados desempregados. Ou seja, em 2020, houve uma redução em mais de metade no número de cursos sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego. Esta queda pode ter resultado do aumento de desemprego resultante da situação pandémica e aos subsequentes impactos sociais e económicos que afetaram o mercado de trabalho.

EXISTEM DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS EM 2019 E 2020 A NÍVEL DAS ÁREAS DE FORMAÇÃO?

Dado o maior número de cursos sem recém-diplomados desempregados em 2019, não é de espantar que nesse ano também se tenha verificado uma maior diversidade de áreas de formação que em 2020.

Além das 12 áreas de formação sem desemprego em 2020, no ano de 2019 isso também aconteceu noutras 4 áreas:

_ Agricultura, silvicultura e pesca: 1 curso em 2019
_ Ciências da vida: 4 cursos em 2019
_ Informática: 1 curso em 2019
_ Serviços sociais: 1 curso em 2019

No sentido oposto, encontra-se a área de ‘Indústrias transformadoras’, não representada em 2019, com um curso em 2020.

Para as áreas comuns a ambos os períodos verifica-se, para o ano de 2020, uma redução generalizada no número de cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito no IEFP em situação de desemprego. Destacam-se as seguintes com um decréscimo igual ou superior a 4 cursos entre 2019 e 2020:

_ Engenharia e técnicas afins: 10 cursos em 2019 para 5 cursos em 2020
_ Humanidades: 6 cursos em 2019 para 1 curso em 2020
_Ciências físicas: 5 cursos em 2019 para 1 curso em 2020

Apenas a área de ‘Arquitetura e construção’ registou um aumento de cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito no IEFP em situação de desemprego no ano de 2020 face a 2019 (de 1 para 2 cursos).

Número de cursos que, de acordo com o IEFP, não registaram qualquer recém-diplomado como desempregado por área de formação (2019 e 2020)

FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.1

O QUE NOS DIZ E NÃO NOS DIZ ESTE INDICADOR?

Este indicador da taxa de desemprego dos recém-diplomados é baseado nos desempregados registados no IEFP, e, portanto, pode também ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da probabilidade de encontrarem emprego por esta via.

Além disso, este indicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantes recém-diplomados que se encontrem a trabalhar. Por outras palavras, os recém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação como inclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.

1CONSIDERAM-SE APENAS OS RECÉM-DIPLOMADOS DE CURSOS DE LICENCIATURA E MESTRADO INTEGRADO DE PORTUGAL CONTINENTAL COM PELO MENOS 30 DIPLOMADOS.
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