Como será a educação do futuro?

_Na era industrial, o sistema educativo formava 10% da população para desempenhar tarefas repetitivas. Hoje, a meta europeia é que 40% da população tenha formação superior.
_O modelo de ensino do futuro vai dar mais espaço à criatividade, à participação de outros intervenientes para além dos professores, à tecnologia e ao desenvolvimento holístico do aluno.
_As evidências sugerem que esta transformação pode acontecer no curto prazo, com a redefinição de conceitos como disciplina, professor, inteligência e escola.

A tecnologia é uma parte fundamental do nosso dia-a-dia, do trabalho, vida pessoal e das escolas. Desde sempre, a tecnologia tem moldado os alicerces que sustentam a sociedade - basta recuarmos à invenção da roda, da luz, do motor. A diferença desses tempos para os dias de hoje é a velocidade com que o desenvolvimento tecnológico ocorre. O impacto da transformação tecnológica será imediato.

Segundo o Fórum Económico Mundial, metade dos trabalhadores terá de atualizar as suas competências nos próximos 3 anos, para estar ao nível das expectativas deste século. Como se pode preparar o ensino do futuro?

Ao analisar-se alguns dos Insights do Brighter Future, é possível observar que as competências tecnológicas são comuns entre as profissões com um maior crescimento de trabalhadores e entre as mais bem pagas do mercado de trabalho atual, como a função de Diretor de Serviços TIC.

Mais do que nunca, é necessário reunir ferramentas para que a recetividade à mudança ocorra de uma forma natural e rápida. Como se pode adaptar o modelo de ensino em Portugal, país que a UNESCO aponta como berço de uma língua de criatividade, ciência e inovação?

A Educação do futuro: a evolução de um sistema desenhado na era industrial

Na era industrial, o cenário laboral distribuía-se da seguinte forma: 10% de funcionários de escritório e 90% operários. Assim sendo, o sistema educativo formava somente 10% da população correspondente aos funcionários de escritório. Atualmente, a meta europeia é que 40% da população tenha formação superior, apesar de a economia não absorver esses 40%.

Nos últimos anos, e como herança da aprendizagem da era industrial, o grande investimento em recursos financeiros, humanos e tecnológicos na educação tem sido concentrado ao nível do currículo e na avaliação. Das escolas do futuro espera-se um investimento maior em recursos, em pedagogia e no ambiente de ensino, elementos que favorecem a colaboração e potenciam a aprendizagem.

#1 Adaptação do modelo de ensino

Os grandes propósitos da educação são económicos, sociais, culturais e também pessoais. Deste modo, nas escolas do futuro todos estes propósitos devem ser tidos em conta. Uma das tendências para o modelo de ensino das escolas do futuro é a aprendizagem baseada em projetos.

Neste formato de ensino, os alunos enfrentam  desafios complexos e específicos do mundo real para que, em grupo, encontrem soluções baseadas nas boas práticas e no conhecimento atual e que desenvolvam formas inovadoras de explorar cada desafio e aplicar conhecimentos de forma prática.

Uma outra dimensão possível neste modelo de ensino está relacionada com a criação de espaços de assembleia. Ou seja, a existência de momentos democráticos institucionalizados e com todos os intervenientes envolvidos para se tomarem decisões relativas ao currículo, aos horários e ao processo de aprendizagem, de forma a que seja uma atividade que privilegie o debate de ideias e a troca de experiências entre todos.

Os especialistas parecem estar de acordo sobre o facto de que o modelo de ensino futuro deve replicar a sociedade ao máximo, e que o sentimento de ir ou estar na escola deve ser uma extensão do resto da vida em comunidade, sem disparidades na experiência e realidade.

#2 Os intervenientes da educação do futuro

Nas escolas do futuro, os professores não serão os únicos responsáveis por ensinar;outros atores podem intervir. Os pais, especialistas em artes manuais ou em música, cientistas, todos eles “irrigam a cultura para dentro da escola” segundo as palavras de Sir Ken Robinson, que se tornou uma referência no ensino em todo o mundo com a sua primeira Ted Talk “As escolas mataram a criatividade?”, com mais de 65 milhões de visualizações.

#3 Espaço para a criatividade

A noção de criatividade, muitas vezes associada única e exclusivamente às artes, será de extrema relevância nos conteúdos da educação do futuro. Isto porque é através da criatividade que os valores culturais são expressados, que nos relacionamos, exprimimos e comunicamos com o mundo à nossa volta e com o mundo dentro de nós.

A criatividade é uma das funções da inteligência. A ciência é também ela profundamente criativa. Os grandes desenvolvimentos da ciência nascem da interação entre o conhecimento dito formal e essa função da inteligência - a criatividade.

Veremos nas escolas do futuro esta atualização do conceito de inteligência que está na base do sistema educativo?

Criatividade nos conteúdos da educação do futuro

#4 Conteúdos projetados para o futuro

Nas escolas do futuro o equilíbrio temático deverá ser transversal a todas as áreas de ensino e todos os temas serão de igual importância (artes, ciência, tecnologia, matemática, humanidades, etc.) e basilares na experimentação.

As disciplinas serão exploradas pelo número de escolhas e de potencialidades e terão no seu ADN o conceito de flexibilidade na aprendizagem. Será possível determinar responsabilidades individual e de grupo para fortalecer o empenho e a prática ativa do conhecimento.

Equilíbrio temático nas escolas do futuro

#5 A tecnologia como parte da resposta

A tecnologia na educação do futuro será um fator predominante para revolucionar a educação, mas não o único dado de que o nosso desenvolvimento é holístico. Colocar toda a esperança no formato tecnológico é, e será na educação do futuro, redutor para o nosso desenvolvimento como espécie.

Na educação holística é importante que os estudantes tenham contacto regular e preocupação ativa com a natureza, que tenham tempo para trabalharem de forma colaborativa, e coexistam de forma divertida, descontraída e informal com outros seres humanos para aumentar os seus níveis de capital social, provado de extrema importância para a felicidade e realização humana (Henrike Diesing, 2013).

Apesar de todos os avanços, e sendo hoje a tecnologia um excelente repositório de conhecimento, dificilmente conseguirá substituir uma das formas de aquisição de conhecimento humano mais relevantes na sua evolução: experimentar.

A tecnologia na educação do futuro

E se existisse uma forma de te preparares para o futuro sem que o custo fosse uma barreira?

Baseado no modelo Income Share Agreement, o ISA FJN é um apoio da Fundação José Neves para potenciar o acesso à educação. É uma proteção financeira criada a pensar no teu sucesso e no teu futuro, com uma aposta na aprendizagem ao longo da vida e na igualdade de oportunidades.Adquire ou atualiza as tuas competências (upskill ou reskill) para um futuro melhor.

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A educação do futuro será uma presença constante na vida de cada ser humano. As evidências apontam para que, já nos próximos anos, possamos assistir à transformação de conceitos que pouco têm evoluído: sala de aula, disciplina, professor, inteligência e escola.

A capacidade de questionar estes paradigmas e a velocidade de adaptação da escola do futuro vai definir a forma como gerações de Portugueses enfrentam um contexto que já está em mudança acelerada.

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